1024-bariátrica.jpg (75 KB)

Considerada por muitos como uma solução quase milagrosa para o grave problema da obesidade, a cirurgia bariátrica vem sendo usada com grande frequência em todo o mundo.

No entanto, esse suposto efeito imediato e duradouro da bariátrica é, na verdade, uma grande mentira. A cirurgia bariátrica é muito menos eficiente do que se imagina no combate à obesidade a longo prazo e ainda acarreta uma série de riscos e consequências graves para a saúde do paciente.

Hoje, vamos desmistificar a tão falada bariátrica e entender por que ela não deve, jamais, ser considerada a primeira opção para combater a obesidade.

Problema grave, solução “milagrosa”?

Não há dúvidas de que a obesidade é um problema gravíssimo que precisa ser encarado com seriedade na busca por soluções. Vale lembrar que a obesidade, por si só, já é considerada doença e traz impactos graves na vida do paciente, com chances altas de acarretar dezenas de problemas de saúde, como AVC, hipertensão, diabetes e cirrose.

A gravidade do problema leva muitas pessoas - e, infelizmente, também médicos e profissionais da área de saúde - a recorrer a uma solução drástica e “rápida”: a cirurgia bariátrica, encarada erroneamente como uma espécie de “santo Graal” no combate à obesidade.

A tentação de resolver o problema de maneira aparentemente simples transformou a cirurgia bariátrica num lugar-comum perigoso: o número de bariátricas realizadas no Brasil quase dobrou em sete anos, atingindo patamar superior a 60 mil por ano.

O aumento descontrolado na quantidade de bariátricas revela a adoção em muitos casos até irresponsável desse tipo de procedimento, ignorando seus impactos negativos durante toda a vida do paciente e os riscos envolvidos.

Infelizmente, o desconhecimento da maioria dos pacientes sobre o lado negativo da bariátrica leva muitas pessoas a assumirem riscos graves sem qualquer necessidade, visto que há alternativas terapêuticas mais seguras e com resultados mais duradouros a longo prazo do que a cirurgia.

Os riscos da cirurgia bariátrica

Para um paciente que realiza a cirurgia bariátrica, o período imediato após o procedimento é complexo, visto que ele terá de readequar totalmente sua dieta e hábitos - muitas vezes sem ter tido a preparação adequada antes -, o que, junto à expectativa de uma nova realidade, pode causar insegurança e ansiedade.

O impacto psicológico vai além da ansiedade e pode ocasionar inúmeros  transtornos alimentares, como revelam vários estudos. Muitos pacientes passam a ficar com medo de comer, desenvolvendo anorexia ou bulimia, ou sofrem com transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP).

O desenvolvimento de compulsões vai além da questão alimentar e pode envolver também álcool, outras drogas, jogos, compras e sexo, comprometendo completamente a qualidade de vida do paciente no pós-operatório.

Além disso, pacientes pós-bariátricos tendem a desenvolver intolerância a diversos alimentos: na maioria dos casos, cereais e carnes, principalmente a carne vermelha. A alimentação fica comprometida e a própria experiência de comer pode ser prejudicada, já que a dificuldade para engolir e a sensação de entalamento também são comuns.

Há ainda uma tendência aos pacientes de cirurgia bariátrica terem dificuldade na absorção de nutrientes, como, principalmente, vitamina B12, zinco e ferro. Pacientes com esse problema podem precisar de reposição nutricional durante toda a vida, e, caso não o façam, sofrem com condições como anemia, osteoporose e falhas de memória.

Por fim, porém também muito grave, temos o aumento de chances de câncer de estômago em pacientes que realizam o bypass gástrico, tipo mais comum de bariátrica. A área do estômago que foi isolada pela cirurgia tende a apresentar câncer com frequência muito maior do que pacientes que não fizeram o procedimento.

Tratando as causas da obesidade

A cirurgia bariátrica, além de trazer vários riscos, é uma proposta que ataca a obesidade apenas ao forçar a redução de ingestão de alimentos. Não trata as causas da obesidade e não vê a doença como um problema multifatorial, usando de uma abordagem limitada e que traz altas taxas de reganho de peso.

A obesidade precisa ser encarada e tratada como uma doença multifatorial, com diversas causas - genéticas, sociais, psicológicas, entre muitas outras. Só assim é possível abordar o problema pela raiz, identificando e tratando cada causa como se deve.

O tratamento da obesidade de forma multidisciplinar, considerando as razões específicas da doença em cada paciente, é a abordagem mais efetiva, pois permite que cada caso seja tratado de maneira específica e a partir das suas causas, não dos seus efeitos.

Assim, recomendamos pensar não apenas duas, mas várias vezes antes de recorrer à “fácil solução” que a cirurgia bariátrica parece ser. Normalmente, não vale a pena sofrer com tantos riscos e efeitos colaterais em troca de resultados que tendem a não se sustentar ao longo do tempo. Trate a obesidade de forma inteligente. Pense nisso!