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Presente nas nossas vidas desde 2020, a pandemia do coronavírus causou milhões de mortes em todo o mundo, além de sequelas de longo prazo em inúmeros pacientes, longos confinamentos e impactos econômicos. No entanto, um grupo tem motivos a mais para se preocupar com a covid-19: as pessoas com obesidade.

A obesidade é um grave fator de risco que não apenas facilita o contágio pelo novo coronavírus, como também aumenta perigosamente as chances de que a covid-19 evolua para suas formas mais graves, levando a internações e óbitos.

Assim, hoje vamos entender exatamente quais os riscos a mais que uma pessoa com obesidade corre em relação à covid-19. Vejamos!

 

Obesidade, inimiga da saúde

Em primeiro lugar, é preciso entender que os impactos da obesidade quanto à covid-19 estão, em parte, ligados a danos muito mais amplos que a obesidade provoca à saúde, de maneira geral.

A obesidade está associada ao aparecimento de dezenas de consequências graves para a saúde, como AVC ou até câncer, e é, por si só, considerada uma doença por inúmeras autoridades de saúde do mundo, inclusive a OMS (Organização Mundial de Saúde).

Não bastasse esse fato, muitas das consequências trazidas pela obesidade são consideradas como fatores de risco para a covid-19, como hipertensão, diabetes e problemas respiratórios. A combinação de comorbidades trazidas pela obesidade aumenta significativamente o alerta no caso de infecção pelo coronavírus.

Mas, como vamos ver a seguir, independentemente da existência de fatores de risco associados, a simples existência de obesidade aumenta os riscos à saúde do paciente em caso de infecção pelo novo coronavírus. Vamos entender melhor!

 

Covid-19 e riscos da obesidade

Uma pesquisa realizada por brasileiros com dados de nove estudos clínicos e publicada na revista Obesity Research & Clinical Practice revelou que a probabilidade de a covid-19 evoluir para formas graves é alta em pessoas com obesidade independentemente de outros fatores de risco associados.

O fato é que o organismo com obesidade tem capacidade reduzida de produzir interferons, que são proteínas secretadas por células de defesa, e anticorpos. Esse cenário compromete enormemente a resposta do sistema imunológico de pessoas com obesidade, facilitando a replicação do coronavírus e o agravamento da covid-19.

Além disso, pessoas com obesidade possuem uma menor capacidade respiratória; a gordura comprime o diafragma, impedindo a movimentação normal do órgão. Assim, aumenta o trabalho respiratório e a resistência das vias aéreas, comprometendo o sistema respiratório - justamente o mais atacado pela covid-19.

Por fim, com obesidade, o paciente tem respostas metabólicas prejudicadas, e, acredita-se, oferece um “reservatório” fértil para o coronavírus no tecido adiposo, que conta com uma enzima pela qual o coronavírus tem alta afinidade.

O resultado - inclusive corroborado por outro estudo, do qual falaremos a seguir - é de que a obesidade não precisa de outras comorbidades para ser prejudicial. O simples fato de ter obesidade leva o paciente a riscos significativamente maiores de precisar ser internado em UTI ou até vir a falecer em caso de contágio pelo novo coronavírus.

 

O impacto da covid-19 em obesos

Os fatores trazidos pela obesidade que a fazem ser comorbidade grave em caso de contágio por covid-19 têm seus reflexos nos números de hospitalizações, casos graves e mortes pela doença em todo o mundo.

Essa é a constatação de uma pesquisa que reuniu dados de nove estudos sobre a covid-19 em diversos países, cujo resultado foi unânime ao colocar a obesidade como um “fator de risco para o desenvolvimento da covid-19 grave”, traduzindo-se em maiores índices de intubação, internações em UTI e óbitos entre pessoas com obesidade.

O estudo conta com um levantamento de quase 6 mil pacientes com covid-19 nos Estados Unidos, o qual revelou prevalência de 42% de obesos entre os internados. Outro estudo analisado, também dos EUA, mostra 48% de obesos entre os pacientes hospitalizados com covid-19. Entre esses, 57% necessitaram de UTI e 66% de ventilação mecânica invasiva.

Já dados coletados na Inglaterra revelaram relação entre sedentarismo, obesidade e tabagismo e casos graves de covid-19. Pacientes com sobrepeso tiveram chances 84% maiores de desenvolver a forma grave da doença, enquanto que pacientes com obesidade apresentaram chances mais de três vezes maiores de ter a forma grave.

Dados coletados de uma amostra na França mostram 48% de obesos entre os pacientes internados na UTI devido ao covid-19. Já um outro estudo nos EUA mostrou que, na amostra analisada, 35% das pessoas com IMC superior a 35 kg/m² com covid-19 vieram a falecer.

 

Combater a obesidade e a pandemia

Como vimos neste texto, a obesidade, por si só, representa um risco gravíssimo no contágio pelo novo coronavírus: a doença evolui de forma mais agressiva e as chances de internação, necessidade de UTI, intubação e índices de óbitos são muito maiores.

Se, normalmente, a obesidade já demanda atenção imediata do paciente - já que pode ocasionar dezenas de complicações graves de saúde, independentemente do que digam os exames de rotina - , em tempos de pandemia, a preocupação deve ser ainda maior.

Tratar a obesidade é também ajudar a dar um basta nos efeitos da covid-19! Se você tem obesidade, não perca tempo: procure tratamento clínico especializado. Retire-se e dedique totalmente seu foco a superar essa grave doença que tanto prejudica a expectativa (e a qualidade) de vida de milhões de pessoas em todo o mundo!