1024-obesidade-infantil.jpg (57 KB)Se a obesidade é um grave problema de saúde pública com inúmeras consequências danosas à saúde das pessoas, a obesidade infantil é um problema ainda maior. Quando presente desde os primeiros anos, o excesso de peso pode provocar consequências para toda a vida.

Não é meramente uma questão de estética ou uma preocupação exagerada: a obesidade infantil não só aumenta as chances de obesidade também na vida adulta como também aumenta os riscos de dezenas de problemas de saúde, que podem acabar aparecendo muito mais cedo do que se imagina.

Hoje, vamos mostrar como a obesidade infantil pode prejudicar (e já vem prejudicando) a vida de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo - e como evitá-la.

 

Por que a obesidade infantil é grave

É comum acreditar que excesso de peso nos primeiros anos de vida é algo “normal” e que se resolve com o tempo, ou, até mesmo, que a criança acima do peso está “bem nutrida”. Infelizmente, esse senso comum não poderia estar mais distante da realidade.

Segundo informações do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), crianças obesas aos dois anos de idade têm 75% de chances de seguirem obesas aos 35 anos. Se a obesidade aparece na adolescência, a situação é ainda pior: jovens obesos aos 19 anos têm 89% de chances de permanecerem obesos ao longo da vida adulta.

Mas, afinal, qual o problema real em ter obesidade? São vários: a obesidade é uma doença, considerada por autoridades de saúde de todo o mundo, e acarreta chances elevadas de dezenas de outros problemas de saúde, como diabetes, hipertensão, AVC, esteatose hepática (gordura no fígado) e até câncer.

Quando a obesidade aparece desde a infância, as consequências do excesso de peso são mais graves e aparecem mais cedo ao longo da vida. Por exemplo, uma pessoa que teve obesidade infantil tem quatro vezes mais chances de ter diabetes aos 25 anos de idade do que alguém que não teve excesso de peso na infância.

As chances altas de complicações graves de saúde se estendem a todas as possíveis consequências da obesidade. Quem tem obesidade na infância corre riscos mais altos, na vida adulta, de desenvolver hipertensão, câncer ou até sofrer um infarto precoce, por exemplo.

Mas até mesmo na própria infância as complicações podem aparecer: colesterol alto, problemas ortopédicos, hipertensão e depressão podem surgir ainda durante a infância para quem tem obesidade!

 

As causas da obesidade infantil

A obesidade infantil tem, em parte, causas similares à obesidade em outras fases da vida, como o crescimento do consumo de alimentos ultraprocessados (que não têm nada ou quase nada do alimento original em sua composição), que é uma tendência perceptível em todo o mundo.

Quase um terço das crianças com menos de dois anos já consumiram bebidas adoçadas e 61% já comeram biscoitos ou bolos. Essa estatística é grave, pois, os dois primeiros anos de vida são centrais na criação de hábitos alimentares: acostumar o bebê com alimentos adoçados dificulta que ele passe a gostar de alimentos naturais depois.

A importância da alimentação nos primeiros anos de vida também diz respeito ao aleitamento materno. O tempo que o bebê é alimentado exclusivamente por leite materno é inversamente proporcional ao excesso de peso na infância; portanto, o aleitamento materno é fundamental para a saúde da criança a longo prazo.

Além disso, outros fatores estão envolvidos, como o excesso de peso da mãe durante a gestação, sedentarismo (crescente nos últimos anos devido ao “excesso de telas”) e falta de sono estão associados ao surgimento de obesidade na infância.

A combinação desses fatores leva a um cenário alarmante: um terço das crianças brasileiras está acima do peso, e, em todo o mundo, há 41 milhões de crianças até 5 anos com excesso de peso, criando uma tendência perigosa para o futuro. Tratar a obesidade infantil é mais que necessário!

 

Prevenção e tratamento

Prevenir a obesidade infantil desde a gravidez - e tratá-la quando ela aparece, sem esperar a criança crescer - é fundamental para garantir uma qualidade e expectativa de vida maior às próximas gerações.

Assim, o cuidado com a alimentação da criança, evitando alimentos adoçados e ultraprocessados e estimulando o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, é fundamental, junto ao incentivo à prática de atividades ao ar livre e exercícios físicos.

A responsabilidade dos pais é imprescindível para fomentar, desde cedo, bons hábitos alimentares e prática de atividades físicas, garantindo a saúde da criança e facilitando que, ao crescer, ela própria mantenha hábitos saudáveis e tenha mais facilidade para controlar o peso.

Quando a obesidade infantil já está instalada, deve-se considerar a hipótese de tratamento por internação, visto que o tratamento clínico imersivo pode apresentar excelentes resultados e ajudar a criança a retomar uma vida saudável de maneira mais assertiva, sem necessidade de cirurgia.

Tratar a obesidade infantil de forma precoce e assertiva é fundamental para assegurar a saúde da criança a longo prazo. Não perca tempo e cuide do bem mais precioso que existe: a vida dos seus filhos!