Conforme alertam autoridades de saúde de todo o mundo, a obesidade é um problema global de saúde pública. O avanço consistente dos números da obesidade em todo o mundo, aliados ao potencial destrutivo da doença, preocupam a comunidade médica e organizações em todo o planeta.
No Brasil, infelizmente, a situação também é preocupante. Nas últimas décadas, a obesidade tem crescido claramente, o que segue provocando impactos na qualidade de vida da população e na sobrecarga do sistema público de saúde.
Hoje, vamos mostrar o panorama da obesidade no Brasil, com suas causas, estatísticas e desafios com que se apresenta. Vamos lá!
Um problema crescente
A obesidade vem crescendo em todo o mundo desde os anos 70, o que está ligado à piora na qualidade da alimentação, com o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em sódio, gorduras e açúcares. Outras questões estão relacionadas, como a tendência moderna a um estilo de vida mais sedentário.
No Brasil, a obesidade segue caminho similar e os números mais recentes demonstram a gravidade da situação. De acordo com a Pesquisa Nacional em Saúde, a quantidade de brasileiros acima do peso aumentou em 50% entre 2002 e 2019, enquanto que a porcentagem de obesos foi de 12% para 26% no mesmo período.
Já segundo a pesquisa Vigitel, um dos mais completos levantamentos de informações sobre hábitos alimentares do brasileiro, de 2006 a 2021, a obesidade saltou de 12% para 22% da população adulta.
As duas pesquisas apontam uma tendência parecida: num período de quinze a vinte anos, a quantidade de adultos obesos basicamente dobrou no país, uma constatação alarmante. Segundo a Vigitel, há um dado ainda mais impressionante: a obesidade cresceu em ambos os sexos, todas as faixas de idade e todos os níveis de escolaridade.
Por falar em faixas de idade, observa-se um aumento na obesidade entre adolescentes - quase 7% dos jovens entre 15 e 17 anos são obesos - e a taxa sobe conforme se aumenta a faixa etária, o que evidencia o quanto o excesso de peso é um problema que tende a piorar com o tempo, se soluções adequadas não forem tomadas.
Obesidade e saúde pública no Brasil
O grave cenário da obesidade no Brasil representa um grande desafio para a saúde pública, afinal, excesso de peso não é uma questão de “força de vontade” e sim uma complexa teia de fatores; a obesidade é uma doença multifatorial e deve ser encarada como tal por quem elabora políticas públicas.
A obesidade aumenta os riscos de dezenas de condições graves como AVC, hipertensão, diabetes, problemas respiratórios, digestivos e dezenas de tipos de câncer. Assim, a pessoa com obesidade pode precisar recorrer repetidamente ao Sistema Nacional de Saúde (SUS), o que desperta a atenção das autoridades de saúde do Brasil há anos.
Segundo estudo, os custos de obesidade, hipertensão e diabetes para o SUS foram de quase 3,5 bilhões de reais apenas no ano de 2018. Considerando que hipertensão e diabetes são, também, consequências da própria obesidade, é possível notar o grande impacto que o excesso de peso tem no sistema público de saúde.
Com efeito, autoridades de saúde mobilizam-se na área desde os anos 90, quando o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Alimentação e Nutrição, que já tratava da prevenção e combate à obesidade. Em 2006, criou-se o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, e, em 2013, a obesidade passou a fazer parte de uma rede de atenção a pessoas com doenças crônicas.
O fácil acesso a alimentos ultraprocessados e bebidas adoçadas, a ausência de conscientização e falta de acesso a estratégias preventivas de saúde, bem como o crescimento de fatores associados ao ganho de peso como depressão e ansiedade, são elementos sistêmicos, que impactam a sociedade de forma coletiva.
Assim, o combate à obesidade não passa por ações pessoais, “fechar a boca” ou “força de vontade”. A solução é o planejamento estratégico em grande escala, tratamentos imersivos, investimento em prevenção e reeducação alimentar, entre outras medidas.
Até mesmo aumento de impostos de alimentos ultraprocessados, medida que ajuda a reduzir seu consumo e ainda gera recursos para o sistema público de saúde, pode ser uma alternativa para o Brasil. A tática, que já funcionou aqui com o tabaco, vem sendo usada com sucesso no caso dos alimentos em países como México, Inglaterra e Chile.
Tratamento imersivo da obesidade
Um grande aliado no combate sistêmico à obesidade é o tratamento por internação. A abordagem terapêutica multidisciplinar, através do internamento, deve ser considerada a principal alternativa no tratamento de casos graves de obesidade.
O fato é que o tratamento multidisciplinar por internação foca na reeducação alimentar, perda de peso de forma saudável e controlada e trata a obesidade em suas causas. O resultado é uma recuperação real e chances muito menores de reganho de peso no futuro.
Assim, o combate à obesidade no Brasil deve passar não só pela prevenção, mas também pelo avanço do tratamento por internação nos casos mais graves, ajudando de fato os pacientes a resolverem o problema pela raiz e reduzindo os riscos à saúde que a obesidade provoca.